A precariedade do trabalho artístico
Pesquisas recentes apontam para uma significativa ampliação do grupo de profissionais ocupados nas profissões artísticas e culturais. Embora esta ampliação tenha aspectos positivos para os profissionais da cultura, a realidade se converte numa dinâmica de precariedade e flexibilidade das formas de trabalho.
Além dos mais variados tipos de contrato de trabalho, percebe-se, também, o predomínio do trabalho sem vínculo empregatício, temporário e balizado pelos editais de financiamento público e privado, que criam a figura do empreendedor cultural desvinculado dos direitos sociais e trabalhistas.
A arte que, por muito tempo, cultivou uma oposição radical em relação ao mercado, aparece exatamente como precursora na experimentação da flexibilidade e calcado na política cultural neoliberal. Quaisquer que sejam as especificidades das práticas artísticas, elas não constituem uma exceção ao mundo trabalho. Embora o trabalho artístico esteja constantemente relacionado a uma atividade distante de sua concretude e autonomizado das demais esferas da realidade social, sua realização prática e objetiva coloca o artista inserido no mundo do trabalho.
Este minicurso propõe a apresentar um conjunto de reflexões na tentativa de contribuir para o debate teórico e prático acerca do trabalho artístico, no bojo dos debates sobre políticas públicas culturais e do trabalho, em suas articulações fundamentais.
Prof. Dr. Ricardo Normanha